DISCUSÕES E DISCURSOS VAZIOS


por Zé Ricardo Oliveira




Várias discussões tem surgido em torno da legitimidade de Igor Kanário como "príncipe do gueto" e sua música como representação do povo baiano. Cheguei a ler um comentário no perfil de uma colega, Jornalista, em que o cidadão comentava que "jornalista é filhinho de papai e mamãe que deveria descer pra favela e ver de perto, e falar na cara das pessoas de lá o que achavam de Igor Kanário".

Pois bem, caro amigo da minha colega:

- Quem mora em bairros como Uruguai, Massaranduba, Alagados e Jardim Cruzeiro mora em bairro de luxo? Não. Se não é luxo, então é favela - aliás, definição da própria sociedade.

- Quem anda na Mata Escura, Estrada das Barreiras, Itinga, na Ilha Amarela e demais cantos do subúrbio fala de que ponto? Fala de um discurso de quem convive com conforto?

Moço, discussões vazias vem de referências vazias -  principalmente de gente que quer dizer que anda em qualquer lugar pra provocar conversa e polêmica, mas na verdade se borra de medo quando tem que passar com seu carrinho importado em quelaquer "bairro popular" ou em bom português (não assumido na Bahia) na FAVELA!

A verdade é que Igor Kanário traz um discurso aparentemente libertador - porque o justifica a partir de uma parte da população que sofre. A questão é que esta é uma mesma população acostumada com o sofrimento, mas que por outro lado, infelizmente não faz muita coisa pra mudar essa realidade. E isso é uma pena! Poucos são os casos de presenciarmos manifestações promovidas por moradores de bairros mais humildes, salvo uma ou outra exceção.

AH! E DIGO ISSO DE DENTRO DA "FAVELA" local aonde moro. Infelizmente, tem muita gente NÃO SÓ DA FAVELA, MAS DE TODOS OS BAIRROS E DE TODAS AS CLASSES - que não está nem aí pra discurso, para representantes sociais e muito menos para mudanças. Muita gente quer é se divertir e dançar! Algum mal nisso? Opção deles!

E aqui pra nós, essa preocupação de representa ou não representa é somente acadêmica e uma novidade a ser "discutida" pela mídia baiana. Na minha concepção, os "colegas de profissão" estão apenas tentando simpatizar com o público do Kanário. Aliás, aprenderam rapidinho com alguém que está aproveitando da imagem do cantor para se promover e promover a sua gestão (OPS!). E isso é o que mais veremos a partir de agora.

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